Marcel Duchamp, A Propósito de Readymades
1
Sampler é um aparelho musical que grava e permite a manipulação de partes sonoras, a técnica de samplar permite duma forma eficaz e económica compor artisticamente através da combinação de diferentes sons e partes musicais. Tecnologicamente nasce das experiências com instrumentos analógicos efectuadas por criadores do campo da música concreta e electro-acústica nos anos 50 e 60, que de forma recorrente utilizaram gravadores de fita magnética para recolher “amostras” de sons reais ou pré-existentes, que posteriormente eram modificados radicalmente do seu contexto original, ou seja, esses sons eram manipulados através de modelações, repetições, delays e distorções, criando composições com uma nova identidade, sugerindo novas fruições de material que previamente tinha um outro significado e autoria.
2
O desenvolvimento da tecnologia digital e a construção de samplers economicamente acessíveis ao público, permitiu a utilização maciça desta nova abordagem artística na produção da música popular a partir dos anos 80 do século passado. Esta possibilidade técnica revolucionária surgiu no momento exacto para os criadores das sub-culturas pop ligadas aos géneros Rap, Hip-Hop e House. Os DJ´s que até esse momento serviam-se essencialmente de dois giradiscos para num processo de repetição de trechos musicais criarem a adrenalina suficiente para mexerem uma pista de dança, encontraram o instrumento charneira para a sua visão musical futurista, feita de uma re-ciclagem e re-interpretação do passado e presente da cultura pop e erudita.
3
Com a massificação dos Personal Computers e poderosos softwares de música e imagem, o conceito inicial de samplar que se situava no campo musical expandiu-se para vários domínios multi-media, em grande parte devido ao caracter unificador que o computador introduz no tratamento dos diversos medias e de ter uma linguagem matemática comum. Podemos considerar hoje que todos os inputs do computador são formas de samplar (scanner, mic´s, OCR, placas vídeo, etc), qualquer pessoa nas sociedades contemporâneas é um potencial re-ciclador e re-criador de imagens, vídeos e sons. Tal como um cidadão ecologicamente correcto se preocupa em separar o seu lixo em casa dando-lhe um novo fim, pode também um qualquer indivíduo ser um “artista” re-utilizando todo um manancial imaginético e sonoro disponível ao alcance de uns tantos clics de rato.
1 comentário:
Muito interessante a sua abordagem!
Deixo uma referência bibliográfica sobre este tema.
Disponível em http://www.intermidias.com/txt/ed56/Arte_As%20Composicoes%20da%20Escuta%20na%20Web_Rodrigo%20Fonseca.pdf
Enviar um comentário