segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Eis links para sites com trabalho do artista Joan Fontcuberta:
http://www.amillionyearsoflight.com/site2/fotografia.html

http://banquete.guebs.org/banquete08/Googlegrama-Ozono-Googlegram-Ozone

"Digital Trash" 2

Joan Fontcuberta, tem um trabalho exposto na Bienal de Sevilha: "Googlegramas, Ozono" de 2006. Trata-se de uma Fotografia em suporte digital, mais concretamente um "fotomosaico" que mais não é senão a reconstrução reticular de pequenas imagens. A uma certa distância reconhecemos o modelo de origem, mas uma observação aproximada permite ver o conteúdo das numerosas imagens que compõem o modelo.
Com os Googlegramas uma série de imagens (eleitas pelo seu carácter de ícones contemporâneos) refazem-se com este recurso, mas ligando o programa à Internet para que através do Google, se localizem todas as imagens disponíveis segundo um critério de busca determinado por palavras chave. Este procedimento permite estabelecer uma relação (poética, dialéctica, política, etc) tanto entre as palavras da busca e a imagem matriz, como entre as palavras de busca e as imagens associadas a estas no momento da própria busca. O dispositivo mobiliza, pois, de uma forma não controlada pelo operador, tanto os acidentes lógicos (polissemias, homonimias, sobreposição de idiomas), como as censuras, filtros e hierarquizações temáticas que o Google subrepticiamente impõe.
Tradução e adaptação do folheto informativo da obra

domingo, 28 de dezembro de 2008

Sobre "Digital Trash"

O artigo do Pedro é esclarecedor sobre a prática artística contemporânea de utilização daquilo a que Heidegger chamou "Bestand" e do que Baudelaire nomeou como a função própria do poeta da modernidade, função essa comparada por si ao trabalho do trapeiro. Escreve Walter Benjamin no seu texto "A Modernidade": "Os poetas encontram o lixo da sociedade nas suas ruas, e é também ele que lhes fornece a sua matéria heróica. (...) O poeta é penetrado pelos traços do trapeiro", acrescenta mais à frente, nas palavras do próprio Baudelaire: "Eis um homem cuja função é recolher o lixo de mais um dia na vida da capital. Tudo o que a grande cidade rejeitou, perdeu, partiu, é catalogado e coleccionado por ele. Vai compulsando os anais da devassidão, o cafarnaum da escória. Faz uma triagem, uma escolha inteligente; procede como um avarento com o seu tesouro, juntando o entulho que, entre as maxilas da deusa indústria, voltaram a ganhar a forma de objectos úteis ou agradáveis". A metáfora usada por Baudelaire é repleta de significações....

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

ARTE DIGITAL EM SUPORTES NÃO DIGITAIS - digital trash -

Os ready-made e os objets trouvés constituem, desde meados do século passado, um recurso e uma tendência artística nas orientações e nos critérios plásticos de algumas correntes vanguardistas contemporâneas.

Os alvores da época digital permitiram a criação e consequente utilização de novos materiais e equipamentos que, intrinsecamente ligados à informatização digital, possibilitaram aos artistas visuais, dos finais do séc. XX e dos primórdios do séc. XXI, um experimentalismo fundado na pesquisa e investigação plásticas desses novos materiais.

Fazendo parte dos despojos da civilização digital, circuitos impressos ou integrados, baterias, placas gráficas, de vídeo e TV, memórias RAM, shipsets, processadores, plugs de pinos, mouses, teclados, slots de memória, modems, discos rígidos, CDs e outros, permitem que alguns artistas contemporâneos abordem as capacidades estéticas inauditas destes equipamentos ou acessórios tecnológicos.

A própria representação pictórica destes materiais é também alvo de interessantes abordagens por parte de artistas estrangeiros e nacionais. Neste caso, Alexandre Cabrita,




Sandra Palhares e



Mário Pires Cordeiro



desenvolvem uma abordagem técnica tradicional - óleo sobre tela, colagem, ou impressão digital sobre litografias - onde aparecem, como elementos compositivos, materiais ligados à informática e/ou à era digital.

Mas é na utilização dos componentes de tecnologia digital que gostaria de centrar a minha abordagem. Daniela Ribeiro faz um reaproveitamento de materiais tecnológicos, desconstruindo-os, reconfigurando-os em novas formas, dando-lhes renovados e intrincados sentidos, que podem levar o observador a pensar a tecnologia de uma forma diferente. Demonstrando uma consciência da crescente preocupação global com o ambiente, a artista quis utilizar este lixo industrial como linguagem plástica mas também como forma de alerta para essa problemática.



Com Leonel Moura o emprego destas temáticas atinge uma nova dimensão. Escreve o artista: "Também os robôs, desde que dotados de autonomia e alguma inteligência, podem gerar uma expressão própria que pelas suas características devemos considerar como uma nova forma de arte independente daquela que é produzida pelo artista humano que esteve na origem do processo. Ou seja, a inteligência artificial pode gerar uma criatividade artificial. Neste sentido esta criatividade artificial produzida por robôs questiona não só as noções correntes de arte e cultura, como o próprio conceito e lugar do humano. Já que pela primeira vez somos confrontados com a possibilidade, muito real, de darmos origem a seres com capacidades similares ou mesmo superior às nossas". In www.lxxl.pt (10/12/08).


Aludindo só a artistas portugueses, este texto constitui uma amostra preliminar de um trabalho de investigação mais abrangente. Alguns artistas consagram posições sensíveis com as tecnologias, pois percebem que as relações do homem com o mundo não são mais as mesmas depois da revolução informática que nos coloca a todos diante do numérico, da inteligência artificial, da realidade virtual, da robótica e de outros inventos que vêm irrompendo no cenário da contemporaneidade.

Pedro Leal Filipe
10/12/08


quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Aula de 18/12 e Boas Festas!!!!!

Conforme combinado, não haverá aula nesta quinta-feira, dia 18 de Dezembro.

Desejo a todos um Feliz Natal e um Próspero ano Novo.


Vídeos de Nam June Paik

Como prometido, disponibilizo agora alguns vídeos do Paik.

Electronic Superhighway, 1995


Global Groove, 1973

Filmes de interesse

Adiciono alguns vídeos que discutimos nas aulas e que tinha prometido disponibilizar.

O Homem da Câmara de Filmar, by Dziga Vertov (1929)



Metrópolis, by Fritz Lang (1927)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Para melhor gerir o blog

Peço a todos que adicionem etiquetas aos seus posts (antigos e novos) usando os temas que seleccionamos para serem abordados (Fotografia, Cinema, Media, Televisão, Publicidade, Web Design, Ciberarte, Webart, Música Digital, Arte, Tecnologia, Suporte Digital, Videoarte, Videogame) assim como o nome dos autores.

Obrigada!

GUERNICA EM 3D


Este vídeo animado em 3D do famoso quadro de Picasso, Guernica, proporciona uma viagem por esta famosa obra, dando-nos a sensação de estarmos dentro do quadro e próximos de cada um dos seus elementos, que nos são mostrados de diferentes pontos de vista. Este pode ser um exemplo de como a convenção da imagem gráfica, ou seja, do software do computador se sobrepõe à estrutura rectangular do quadro mudando completamente a nossa de percepção da obra, tal como refere Lev Manovich no texto "Novas midias como tecnologias e ideia: dez definições".
Aqui fica o link: http://www.lena-gieseke.com/guernica/index.html

Novo visual do blog

Gostaria de parabenizar a Margarida e a Célia pelo novo visual do blog. Agora sim somos dignos de um debate sobre media digitais!!!

Obrigada!

Aproveito também para avisar àqueles que não estiveram presentes na aula de sábado que nesta quinta-feira (18/12) não haverá aula devido ao jantar de Natal da FCHS. Esta será realizada no final do semestre.

Gabriela

Heidegger e a tecnologia moderna

Retomando o post com que a Rosa iniciou os debates no blog, gostaria de chamar a atenção para alguns aspectos relevantes que discutimos em aula. Reflectimos sobre a tecnologia moderna a partir da perspectiva do filósofo alemão Martin Heidegger no texto “A questão da técnica”, e entendemos o processo de Ge-stell no domínio televisual como sendo um processo que selecciona, captura, edita, armazena e veicula imagens que podem ser enquadradas e reenquadradas continuamente.

Se, no entanto, estendermos esta nossa análise para o domínio digital veremos que por meio da técnica, neste caso computadorizada e de natureza digital (isto é, processada por meio de algorítimos), teremos o mesmo processo repetindo-se continuamente. As informações que se encontram hoje armazenadas neste grande banco de dados global e virtual que é a Internet estão disponíveis e podem ser acessadas a qualquer momento. Uma vez seleccionadas, capturadas, editadas, armazenadas e veiculadas dão início a um processo contínuo de circulação da informação que são novamente consumidas por meio do processo de Ge-stell. Heidegger usa o termo Bestand (standing-reserve na tradução inglesa) para explicar que tudo no mundo, inclusive o homem, está disponível para ser ordenado e consumido por meio de Ge-stell. É como se Bestand fosse um grande estoque de reserva que está disponível para ser acessado.

No entanto, me parece importante ressaltar o que o filósofo destaca como uma particularidade deste processo. Para tentarmos compreender a essência da tecnologia, como bem pontuou a Rosa no seu post Heidegger e “A questão da técnica” 3, não podemos procurar em nada que seja tecnológico, a essência da tecnologia não está relacionada com algo que seja técnico.
Pelo facto de não ser tecnológica, a essência da tecnologia deve mostrar-se num campo em que o ocultamento e o desvelamento da aletheia emergem. Este campo, que se apresenta tanto semelhante quanto diferente desta essência, é o campo da arte, pois a tecnologia, ao mesmo tempo em que pode revelar, impede o desdobramento da poiesis.

Entretanto, o filósofo adverte que quanto mais se questiona a essência da tecnologia, mais misteriosa a arte se torna.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Hipermídia- A linguagem em busca de si mesma

Para Piscitelli, a hipermídia são conglomerados de informação de acesso não sequencial, navegáveis através de palavras chave, mas também e ainda um paradigma para a construção colectiva de sentido, uma espécie de novos guias para a compreensão individual e grupal.

Para Santaella, a hipermídia é uma linguagem em busca de si mesma, interdependente da criação de hipersintaxes capazes de refuncionalizar e combinar linguagens numa nova forma multidimensional.
Santaella refere um conjunto de 3 factores para a definição de Hipermidia:
- A Hipermidia acciona processos signicos, códigos e capazes de apelar à interacção com o leitor imersivo num fenómeno cooperação-realização.
- O leitor imersivo através de acções associativas e interactivas coloca-se em posição de co-autor, co-criador, possibilitado pelas estruturas, hiper, não sequenciais e multidimensionais que dão suporte às infinitas opções de interacção de um utilizador.
E por fim, aponta o mapeamento como terceiro factor para uma definição completa de hipermidia. O mapeamento, será o processo que dá suporte à co-autoria, à co- criação, isto é roteiros de sinalização capazes de guiar o leitor no seu processo de navegação.

Ana

De Platão à Salsicha - a não lineariedade

Irresistível imagem que nos deixa Santaella na pág. 94 do capítulo 2 do livro Cultura e Artes do Pós-Humano.

"A velocidade digital cega-nos (Holtzmam 1997:169). Com uma tal rapidez de acesso é tão fácil saltar de uma página para a outra, quanto da primeira para a última(...). Em menos de um piscar de olhos, pode saltar-se de Platão para a salsicha, como diz Umberto Eco."

A não lineariedade é assim vista como uma propriedade do mundo digital. Um mundo sem começo, meio ou fim. As ideiais ganham formas não lineares - são sintaxes da descontinuidade e a chave para essas sintaxes, segundo Santaella, é o hyperlink, também este o conector/ capacitador do hipertexto e da hipermedia.
Ana

domingo, 14 de dezembro de 2008

Sobre a TV 2.0.

“a nova tecnologia permitirá melhor democracia, ela nos dará melhor acesso ao ‘real’”
Manovich ( 2005:17) en O Chip e o Caleidoscopio.

Visitem este site: http://latelelibre.fr/

Este é um site que se define como feito por jornalistas independentes e que pretende uma participação activa de todos. Um outro discurso da 2.0 é o da democracia, no sentido que todos possam participar. Escolho este exemplo francés, para relacioná-lo com a ideia democrática da revolucião francesa e com o seu lema “liberté, fraternité e egalité” Daí a “télé libre.” Na minha opinião é um espaço de diálogo em que não só há palavra como também imagem, com neste nosso blog, que só foi possível com o desenvolvimento tecnológico.

Para os que sabem francés, recomendo o apartado do site “La libre interview”. Lá várias pessoas respondem à questão “ tele libre?” A realizadora Laetitia Masson diz que ninguém é livre e que a TV, entre outras coisas, também nos faz escravos.

E aquí está o point rouge nº 19 “Democratie et internet”



Sobre TV e democracia coloco aqui uma citação de um artigo da professora Gabriela Borges: “Os estudos do filósofo británico Mepham (1990:56-60) sobre a qualidade da televisão, que pode contribuir para a discussão sobre a produção de conteúdos de qualidade. Na sua opinião, a televisão de qualidade deve estar relacionada com um projecto social que preserve o pluralismo cultural e estimule a democratização da sociedade”
BORGES, G. (2008) “Discursos de qualidade: a programação da A2: portuguesa” en Discursos e Práticas de Qualidade na Televisão, Livros horizonte, Lisboa

SOBRE A WEB 2.0.

Falando de tecnologia como vimos fazendo os últimos tempos, acho que seria interessante dar uns passos em frente (mas sem cair no abismo) e colocar um post sobre a web 2.0. O que é a web 2.0.?


Coloco aqui uma versão brasileira, a versão original está no site:
http://es.youtube.com/user/mwesch

Viram o vídeo? Vejam até ao fim! E pensemos agora na mensagem: “A máquina somos nós”. Um exemplo da vontade e necessidade que temos de humanizar a tecnologia (e de “repensar” certas coisas). Como já falamos na aula, o desenvolvimento da tecnologia provoca muitas mudanças. Quis por este video porque acho um exemplo muito interessante da mudança/avanço da linguagem informática (do html ao xml) e que podemos ainda comprender aqueles, que como eu, se perdem nisto da linguagem da informática. O que relaciono com o parágrafo -“Novas mídias como software” do texto do Manovivh (2005: 30-33) que nos lança a questão- "como é que vamos peneirar todos esses dados?".

Obrigado a Ana Catarino pela correção do português.

Vender pela diferença - a publicidade "negativa" e a Pepsi

Atribuir o conceito de obra de arte a um anúncio publicitário pode parecer heresia, artisticamente falando, mas, cada vez mais, se assiste a uma implementação de uma publicidade criativa que procura fugir à mera comercialização do produto.
A publicidade de tão abundante tornou-se banal e há que primar pela diferença. O apelo ao consumo feito através de imagens belas, apelativas, suculentas – no caso da comida – está a tornar-se obsoleto e começam a utilizar-se estratégias que, nalguns casos, primam pelo choque com o normal conceito publicitário.
A Pepsi é um dos exemplos em que a evolução da publicidade se torna por demais evidente. Até há poucos anos, a Pepsi estava associada a um ideal de beleza. Cindy Crawford, as Spice Girls, Britney Spears ou David Beckham, figuravam nos anúncios que faziam um claro apelo ao consumo aliado à imagem. Num anúncio antigo (que pode ser visto aqui), do qual não consegui obter a data, a garrafa de Pepsi é mesmo comparada com o corpo de Cindy Crawford, a diferença é que a supermodelo só pode ser «nossa» em sonhos…
Este tipo de publicidade tem o objectivo de passar uma imagem positiva do produto e suscitar empatia no consumidor, mas, actualmente, já não introduz qualquer novidade. A Pepsi parece ter percebido isso e os novos produtos da marca têm campanhas que primam pela diferença.
A Pepsi Twist, por exemplo, apresenta-nos dois irreverentes limões, que não geram sentimentos de empatia. A forma como adicionam o aroma do fruto à Pepsi (clicar aqui para ver), não cria vontade de consumi-lo. A imagem de um ser que urina para dentro de um copo do produto que se quer vender, aparentemente, não interessaria à marca. No entanto, a campanha prima pela diferença e pelo corte com o que se costuma fazer em relação a outros anúncios de refrigerantes.
Se o caso da cola com sabor a limão é incaracterístico, uma das campanhas publicitárias da Pepsi Max rompe com tudo o que já foi feito até agora – que eu conheça - para vender um produto. A Pepsi Max é uma cola que só tem uma caloria, é light portanto. Que melhor maneira de promover um refrigerante light que com o escultural corpo de uma rapariga teenager? A Pepsi não pensou assim, foi mais longe, e realçou o ponto mais negativo que um produto de uma só caloria pode ter – o isolamento social do elemento calórico.
O que mostra a publicidade são os desenhos de um ser desesperado para colocar fim à vida dentro de uma lata de Pepsi (clicar aqui, aqui e aqui). A ideia que transmite não poderia ser mais negativa. A caloria não é esbelta ou limpa e o melhor sentimento que se pode ter em relação a ela é de pena. Além de tudo isto, as imagens são violentas e associam a marca ao suicídio. Era um anúncio viável há 5 anos? Talvez não. Mas a publicidade está a mudar e o sentimento que se pretende criar nos consumidores também.
Quer marcar-se pela diferença e pela irreverência, nem que para isso sejamos induzidos a imaginar um castor a contribuir para o suicídio de uma caloria no interior de uma lata de Pepsi. Se publicidade pode ser arte é discutível, mas há casos em que um génio criativo superior está presente e isso é indiscutível.

O Poder dos media


Propostas para reflexão a partir da leitura de um livro de Fernando Peixoto
“Técnica e Estética na Publicidade”
Edições Sílabo, 2007


“Quanto mais conhecemos mais alimentamos o desejo de maior conhecimento, quanto mais informados somos mais nos queremos informar. Não é um fenómeno novo é uma atitude inerente ao ser humano e à sua natureza idiossincrásica.”
Fernando Peixoto

O séc. XX foi o século da revolução das telecomunicações e dos mass media e o amanhecer de uma nova - a era digital .

Informação e comunicação são hoje conceitos cúmplices, interdependentes, indissociáveis. O acesso à informação democratizou-se, ideias e conhecimento circulam de forma célere sem barreiras. A informação ganhou autonomia apoiada pelo desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da Internet.

Num mundo com sede de informação, os media proliferaram e afirmaram-se rapidamente como os principais catalizadores das estruturas de comunicação pública.

Segundo Fernando Peixoto, “Os media passaram a representar o centro nevrálgico na construção de sentido para a conduta social.”

Podemos reflectir sobre esta afirmação, olhar ao título, que me apeteceu a certa altura colocar neste post, e reflectir de novo.

Mas… e mais adiante o autor levanta uma outra questão que me parece pertinente remeter-vos agora para discussão:

“ Com a crescente introdução de valores e normas que atingem decisivamente os diversos padrões culturais e os correspondentes modos de consumo, por via da moda, da publicidade, das artes veiculadas pelos media, afectando a evolução de conceitos como o trabalho, o lazer, o prazer, a sexualidade, a família, as relações socioafectivas,…como poderemos ignorar, negligenciar ou subestimar as potencialidades estéticas fecundadas no âmago das novas industrias culturais?”
Ana

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ciberarte ou Arte interactiva

"Panorama da Arte Tecnológica" - Lúcia Santaella

Lúcia Santaella descreve, no capítulo 7 - "Panorama da Arte Tecnológica" do livro "Culturas e Artes do Pós-Humano: da Cultura das Mídias à Cibercultura", a Ciberarte ou Arte interactiva como um tipo arte realizada através do computador que requer uma participação activa. Os artistas interagem com as máquinas, criando interacção com outros participantes, que a completam com as suas próprias máquinas (ou meios tecnológicos).

Existe uma participação com rotinas pré-programadas promovendo uma constante colaboração dos vários participantes, resultanto de trocas sucessivas e simultanêas, promovendo a interacção e tecnodiversidade.

SANTAELLA, Lúcia, "Panorama da Arte Tecnológica", "Culturas e Artes do Pós-Humano: da Cultura das Mídias à Cibercultura", São Paulo, Paulus Editora, 2003

Margarida, Célia.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Imaginário no Cinema - Manoel de Oliveira, 100 anos.


No dia do centenário do mais velho realizador do mundo em actividade, ao qual damos os parabéns, vejamos as palavras escritas pelo próprio a respeito do cinema como raíz onírica, logo, no âmbito do imaginário. O texto foi publicado no livro "A Magia do Cinema", organização de Maria Adriana Polo, Centro cultural de Belém, 1996.

"O cinema nasceu há cem anos. E nasceu certo:sem COR, sem SOM. Jogo mudo de luz e sombra. (...) Qualquer coisa movente suscita mil intenções, sem revelar nenhuma delas. Torna-se qualquer coisa de fantasmagórico e não-significante. Por sua vez, o fantasma significante dá expressão ao sonho, tal como a projecção de um filme cinematográfico, porque o cinema é imaterial e de raíz onírica. (...) Assim podemos dizer que o cinema pré-existe no sonho-expressão interior e involuntária ou inconsciente que emana do ser humano como fantasma duma realidade, tão onírica como cinematográfica. (...) A génese do cinema é onírica, dissemos. Tendo o cinema nascido sob esse legítimo signo, é no limbo dos sonhos que ele encontra o seu verdadeiro lar. (...) O cinema, enquanto arte, humaniza e sensibiliza o ser humano, eleva-o e sublima-o."

sábado, 6 de dezembro de 2008

biacs08 - Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de Sevilla



A terceira Bienal Internacional de Arte Contemporanea de Sevilha propoe uma reflexao sobre a relacao homem/maquina/ciencia/tecnologia. Fica a sugestao de uma visita, onde podem ser vistas obras de Nam June Paik ou Bill Viola.

(peco desculpas pela falta de acentos...mas desafio quem consiga coloca-los neste teclado de nuestros hermanos...)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Imaginário no Cinematógrafo – O exemplo de George Méliès




“Se permitirmos que a fotografia invada o terreno do impalpável e do imaginário, de tudo o que só vale porque o homem lhe acrescenta a sua alma, então ai de nós!”

Charles Baudelaire, “Le public moderne et la photographie”

Em 1859, ano em que proferiu estas palavras pessimistas a respeito de uma categorização da fotografia como arte, Baudelaire estava longe de imaginar que uma tecnologia sucessora desta, o cinematógrafo, iria invadir de forma tão avassaladora esse terreno do imaginário.
Não houve ninguém na época, que de forma tão explícita, pisasse este terreno, como George Mélies (1861-1938). Ilusionista famoso em França, deixou-se levar pela emoção do invento tecnológico mais famoso na sua época, e começou a criar filmes puramente documentais, utilizando deste modo a máquina para a função para a qual foi criada. Quis o destino que um simples erro técnico (a máquina encravou durante a gravação de uma cena, e quando visionou o filme, as figuras na rua “saltavam” e “mudavam” de posição como que por magia), o levasse a explorar a máquina de forma inovadora, tornando-o o percursor dos efeitos especiais e do género de ficção científica.

Arlindo Machado, no livro "Máquina e Imaginário", reflecte sobre estas questões. O autor diferencia o trabalho com a tecnologia do trabalho artístico. O trabalho com a tecnologia relaciona-se com a sistematização e eliminação do improviso. Pelo contrário, o trabalho artístico relaciona-se com a ambiguidade, com os imprevistos, a desordem e o imaginário. Com o surgimento dos novos meios técnicos (a maquina fotográfica, o cinematógrafo), esta divisão torna-se paradoxal no sentido que atinge o Artista, tentado a experimentar os novos meios técnicos.

Convém lembrar que o cinematógrafo foi criado com um intuito técnico, científico, e os primeiros filmes produzidos eram puramente documentais. A máquina de filmar tinha a função de captar uma acção do “real”, gravá-la numa película, sendo posteriormente exibida para um público. Ou seja, uma função que, a longo prazo, poderia cair numa estagnação.
Arlindo Machado veio defender exactamente que cabe ao Artista assegurar a vitalidade da máquina, para evitar que ela caia nessa estagnação. A verdadeira arte produzida com as máquinas seria aquela que inverteria as suas funções, que exploraria a máquina ao máximo, procurando obter efeitos e respostas inovadoras e criativas, imprimindo uma vontade milenar de intervir no mundo dos sonhos e do imaginário.

Méliès explorou como ninguém, embora limitado pelos recursos da sua época, as potencialidades na máquina (dupla exposição, pausas, a técnica do stop-motion, congelamento, inversão de movimentos, etc), tornando-o percursor dos efeitos especiais e do género de ficção científica. O artista criou assim um mundo mágico e imaginário, levando o cinema a territórios até então inexplorados, subvertendo assim a função para a qual a máquina foi criada.

Assistirmos, nos dias de hoje, a um qualquer filme de efeitos especiais é a melhor homenagem que podemos fazer a Méliès. No entanto, fica aqui um exemplo que os Smashing Pumpkins fizeram em 1996, explorando o mundo de Mélies e o seu mais famoso filme “A Viagem à Lua”, de 1902.



Cristina Braga
André Mantas

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Como o "prometido é devido" aqui fica o link para o artigo de Leonel Moura "A arte na era da sua reprodutibilidade digital". Faz lembrar qualquer coisa não é?
http://www.lxxl.pt/babel/biblioteca/arte.html

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Heidegger e "A questão da técnica" 3

A técnica moderna oferece um modo de desencobrimento que assenta na exploração do que é dado na natureza, o que está-aí como pura dis-ponibilidade e do qual o homem participa e em que está comprometido. A este "(...) apelo de exploração que reúne o homem a dis-por do que se des-encobre como dis-ponibilidade" (p. 23 "A questão da tecnica", Ensaios e conferências, Heidegger) dá Heidegger o nome de Ge-stell - com-posição.
O que significa Ge-stell?
Ge-stell tem a sua origem na noção grega de eidos (essência considerada enquanto o universal, mas também enquanto o "o que é" de cada coisa - o que implica modos de captação/representação diferentes).
Assim, a Ge-stell surge, numa primeira aproximação histórico-ontológica, como "(...) o tipo de desencobrimento que rege a técnica moderna mas que, em si mesmo, não é nada de técnico."(p.24 "A questão da técnica", Ensaios e conferências, Heidegger)
Este desencobrimento, que é com-posição, implica como condição necessária ao seu desvelamento o "comprometer-se" do homem. "Com-posição é a força de reunião daquele "pôr" que im-põe ao homem des-cobrir o real, como disponibilidade, segundo o modo da dis-posição. "(p.27, "A questão da técnica, Ensaios e conferências, Heidegger)

Palestra sobre produção audiovisual

Amanhã (3ª feira, dia 2/12) das 17h às 19h na sala 3.20 do CP de Gambelas a realizadora e professora Raquel Pacheco dará uma palestra sobre a produção do documentário Nós também temos vez! realizado numa escola pública nos arredores de Lisboa em 2006.
O documentário está muito bem feito e ganhou alguns prêmios.
A realizadora é formada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense e fez o Mestrado em Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. O documentário é resultado desta investigação.

Se puderem, compareçam!

Heidegger e "A questão da técnica" 2

Os pontos de vista instrumental (a técnica enquanto meio) e antropológico (a técnica enquanto actividade humana) são analisados por Heidegger a partir da concepção filosófica tradicional de causalidade (causas materiallis, formalis, finalis e efficiens) que não revela (nem desvela) a essência da técnica. Deste ponto de vista, a técnica é uma pro-dução e enquanto tal, uma forma de desencobrimento, de adequação entre o representado e a sua representação (aletheia), mas "(...) somente onde se der esse descobrir da essência, acontece o verdadeiro em sua propriedade. Assim, o simplesmente correcto ainda não é o verdadeiro. E somente este nos leva a uma atitude livre com aquilo que, a partir da sua própria essência, nos concerne". (pp.13, "A questão da técnica", Ensaios e conferências, Heidegger)
Assim, aquilo que é decisivo na técnica, não diz respeito nem ao fazer, nem ao manusear que lhe estão implícitos, mas à sua capacidade própria de descobrimento e de-sencobrimento, em que se dá o acontecer da verdade.
E na técnica moderna? De que essência é a técnica moderna? O que é a técnica moderna?

domingo, 30 de novembro de 2008

Heidegger e "A questão da técnica" 1

Seremos capazes de pensar a técnica? Nós, que a integrámos de tal modo na quotidianidade, que a integrámos como "estrutura familiar" de recepção, filtro e resposta de todas as nossas mundividências, conseguiremos pensar a essência da técnica?
Heidegger, em 1953, numa conferência proferida em Munique, com o titulo "Die frage nach der technik" ("A questão da técnica"), irá reflectir sobre aquelas perguntas. A tarefa a que se propõe será compreender a técnica no seu "ser-aí-no-mundo", a partir de um ponto de vista histórico-ontológico: "Todo o perguntar é um procurar. Todo o procurar tem a sua direcção prévia" (in, "Estrutura formal da pergunta que interroga pelo Ser", Ser e Tempo).
O que é a essência da técnica? Heidegger inicia a sua conferência afirmando que a "essência da técnica não é nada de técnico". Assim, os passos seguintes para a compreensão da essência da técnica irão trazer "à nossa presença" os "dogmas comuns" sobre essência própria da técnica:
- A técnica é um meio para um fim;
- A técnica é uma actividade do homem.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CALENDÁRIO

A. FOTOGRAFIA E CINEMA. ---------------------1-7 DIC.
(André, Cristina, António)

B. MEDIA-TV-PUBLICIDADE.------------------- 7-14 DIC.
(Ana, Nuno, Olivia)

C. WEB DESIGN-PUBLICIDADE -----------------14-21 DIC.
(Margarida, Célia)

D. CIBERARTE-WEBART-MÚSICA DIGITAL----4-11 JAN.
(João, Margarida)

E. ARTE-TECNOLOGIA- SUPORTE DIGITAL---11-18 JAN.
(Pedro Filipe, Rosa)

F. VIDEOARTE-----------------------------------18-25 JAN.
(Silvia, Pedro Neves)

G. VIDEOGAME----------------------------------25-02 JAN/FEB.
(Nuno, Ivona)

Acho que a relação de nomes ainda está incompleta. Se detectarem falhas me enviem para que eu possa rectificar. Obrigada!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Diário gráfico

www.diariografico.com
Vale a pena conhecer e acompanhar este projecto de Eduardo Salavisa.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bem-vindos ao blog!!

Caros alunos,

Iniciamos finalmente o nosso blog. Espero que este seja um espaço de troca de ideias e de opiniões.

Bem- vindos!!

Gabriela