segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Heidegger e "A questão da técnica" 2

Os pontos de vista instrumental (a técnica enquanto meio) e antropológico (a técnica enquanto actividade humana) são analisados por Heidegger a partir da concepção filosófica tradicional de causalidade (causas materiallis, formalis, finalis e efficiens) que não revela (nem desvela) a essência da técnica. Deste ponto de vista, a técnica é uma pro-dução e enquanto tal, uma forma de desencobrimento, de adequação entre o representado e a sua representação (aletheia), mas "(...) somente onde se der esse descobrir da essência, acontece o verdadeiro em sua propriedade. Assim, o simplesmente correcto ainda não é o verdadeiro. E somente este nos leva a uma atitude livre com aquilo que, a partir da sua própria essência, nos concerne". (pp.13, "A questão da técnica", Ensaios e conferências, Heidegger)
Assim, aquilo que é decisivo na técnica, não diz respeito nem ao fazer, nem ao manusear que lhe estão implícitos, mas à sua capacidade própria de descobrimento e de-sencobrimento, em que se dá o acontecer da verdade.
E na técnica moderna? De que essência é a técnica moderna? O que é a técnica moderna?

1 comentário:

ana disse...

Numa entrevista conduzida por Walser(1960), Heidegger estabelece de forma muito clara a relação entre pensamento tecnológico e sua essência predominantemente metafisica: "Na técnica, isto é, em sua essencia, vejo o homem ser colocado à disposição de um poderio que o impele a revelar as provocações dessa essência e diante do qual ele de modo algum é livre; vejo anunciar algo como uma relaçao entre o ser e o homem e que essa relação que se dissimula na essência da técnica, um dia poder-se-á revelar em toda a sua claridade".