segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

De Platão à Salsicha - a não lineariedade

Irresistível imagem que nos deixa Santaella na pág. 94 do capítulo 2 do livro Cultura e Artes do Pós-Humano.

"A velocidade digital cega-nos (Holtzmam 1997:169). Com uma tal rapidez de acesso é tão fácil saltar de uma página para a outra, quanto da primeira para a última(...). Em menos de um piscar de olhos, pode saltar-se de Platão para a salsicha, como diz Umberto Eco."

A não lineariedade é assim vista como uma propriedade do mundo digital. Um mundo sem começo, meio ou fim. As ideiais ganham formas não lineares - são sintaxes da descontinuidade e a chave para essas sintaxes, segundo Santaella, é o hyperlink, também este o conector/ capacitador do hipertexto e da hipermedia.
Ana

2 comentários:

Rosa Vieira Guedes disse...

Ops! Terrível post...ou não. Só me ocorre dizer duas coisas e sempre "dominada" no meu ponto de vista por duas ideias Heideggerianas: por um lado, a nossa necessidade "salvífica" para recorrermos à protecção das nossas mundividências (construções mentais, culturais, sociais, individuais, que perseguem justificações dos nossos pontos de vista, sejam elas em Platão ou em salsichas)por outro lado, a consiciência de sermos "ser-para-a-morte", que, quer através de Platão ou das salsichas, se vão constituindo como adiamentos e projectos existenciais provisórios, a qualquer altura substituiveis.

ana disse...

Sob esse prisma e por analogia diria então que a velocidade com que acedemos "à protecção das nossas mundivivências" é tão veloz que nos cega, concordando em parte com Holtzmam. Questiono agora se a "consciência" da existência como projecto sucessivamente adiado, provisório e substituível, encontrará terreno ainda mais fértil nesta não-linearidade tão veloz? Nesse caso deveriamos acrescentar imediatamente a seguir a substituível - a palavra efémero?