domingo, 28 de dezembro de 2008

Sobre "Digital Trash"

O artigo do Pedro é esclarecedor sobre a prática artística contemporânea de utilização daquilo a que Heidegger chamou "Bestand" e do que Baudelaire nomeou como a função própria do poeta da modernidade, função essa comparada por si ao trabalho do trapeiro. Escreve Walter Benjamin no seu texto "A Modernidade": "Os poetas encontram o lixo da sociedade nas suas ruas, e é também ele que lhes fornece a sua matéria heróica. (...) O poeta é penetrado pelos traços do trapeiro", acrescenta mais à frente, nas palavras do próprio Baudelaire: "Eis um homem cuja função é recolher o lixo de mais um dia na vida da capital. Tudo o que a grande cidade rejeitou, perdeu, partiu, é catalogado e coleccionado por ele. Vai compulsando os anais da devassidão, o cafarnaum da escória. Faz uma triagem, uma escolha inteligente; procede como um avarento com o seu tesouro, juntando o entulho que, entre as maxilas da deusa indústria, voltaram a ganhar a forma de objectos úteis ou agradáveis". A metáfora usada por Baudelaire é repleta de significações....

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