domingo, 1 de fevereiro de 2009

STELARC - “Das estratégias psicológicas às ciberestratégias: a Protética, a Robótica e a Existência Remota.” 2

Consequências desta consciência da necessidade de uma nova adequação entre o corpo e a tecnologia:

1. O objecto artístico poderá passar do exterior para o interior do corpo, onde assumirá a função de ornamento estético. O interior do corpo deixa de ser o lugar da identidade ou do divino no humano.

2. Com um corpo autónomo e mais eficiente poder-se-ão desenvolver corpos especializados para lugares específicos, adaptados às condições desses lugares

3. Os corpos híbridos ultrapassam a limitação do nascimento e da morte. Vida é simplesmente operacionalidade.

4. O corpo pode ser tranquilizado, respondendo ao que necessita, conservando energia para o que realmente importa.

5. Poder-se-ia transferir no espaço a resolução de uma acção física através de processos on-line: o corpo tornar-se-ia interactivo, agindo simultaneamente num “aqui” e num “lá”, sem ter que estar totalmente num lado ou noutro.

6. Sendo o corpo um objecto, elidem-se identidades e emoções, por forma a intensificar operações e iniciar sistemas inteligentes.

7. Reprojectando o humano, compatibiliza-se este com a máquina, o que significa manter a acção humana de modo mais prolongado temporalmente.

8. O corpo tem a necessidade de microvigilância interna, uma vez que os sintomas do seu mal estar surgem tarde demais. A nanotecnologia alteraria a arquitectura do corpo de dentro para fora (viabilização de uma nova filogénese).

9. Desenvolvimento de sistemas de Teleoperação: Teleautomação, a simulação forward, Telepresença e Teleexistência. Estes sistemas transformariam o espaço electrónico mais num meio de acção que de informação, o que reconduz a uma reestruturação do corpo multiplicando as sua capacidades operacionais, já que estes sistemas interactuam com o corpo para além dos mecanismos mão-olho.

10. O corpo ligado à tecnologia da realidade virtual, pode actuar no seio de espaços de data e digital. Assim, o corpo como imagem é interactivo, ganha um conjunto de competências, funções que ampliam o seu corpo físico e uma inteligência artificial. O corpo físico “muta-se” em corpo fantasma capaz de projectar e potencializar o primeiro. O corpo fantasma transgride as fronteiras entre masculino-feminino, humano-máquina, tempo-espaço. A pele não determina a identidade, nem a consciência, pois o eu está além da pele, como estrutura fluida que responde a uma matriz meramente tecnológica materializada por imagens.

Sem comentários: